sexta-feira, 16 de novembro de 2012


Reconto do conto Feliz Aniversário de Clarice Lispector, no gênero acróstico.



C omo muitas festas, aquela era distinta.
O ctogésimo nono aniversário de Cornélia.
N etos, filhos e sobrinhos estavam presentes, mas não porque queriam.
T odos fingindo entusiasmo e alegria.
O que fazia da velha, cada vez mais revoltada e ríspida.

F eliz aniversários oferecidos da boca para fora.
E les pouco estavam se importando, se ela estava bem, com fome ou confortável.
L ametável, eram suas conversas sobre dinheiros, moda e vida alheia.
I ncapazes de uma alegria verdadeira. Faziam da festa uma mera peça teatral.
Z ilda, era a única filha que cuidara da aniversariante.

A rrumou tudo com orgulho e gosto, mas reprimia a falta de ajuda de seus irmãos.
N enhum dos poucos presentes entregue, foi de valor ou teve alguma utilidade.
I ngratos, fúrteis e arrogantes eram denominados pela a aniversariante, que
V ia aquilo como uma demostração de seu próprio fracasso em formar uma família.
E ram todos o oposto de seu marido e não fazia ideia a origem do seu erro.
R esponsável e honesto na família, só tinha seu neto Arthur, o único integrante de carácter.
S obre os demais: não visara nada além de arrogância, ambição e falsidade.
Á s noras era as piores: todas amargas e vaidosas.
R epreensão e revolta de toda aquela situação florou na aniversariante.
I ntegrante linear e passiva naquela festa. Nada mais poderia fazer para concertar seu suposto erro.
O que fez, foi demostrar toda a sua aflição em um gesto infantil: cuspiu no meio do salão e pediu um bom copo de vinho.  



Autor:  Cássio Soriano


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