domingo, 18 de novembro de 2012



Fladison Lima, nº 17 – 3º “B”

“Morte e Vida Severina”  
  João Cabral de Melo Neto        


Severino era um retirante, ele era como muitos outros que partiram para o litoral, fugindo da seca e da morte.                                
A vida na Capital parecia, para ele, mais atraente. Em suas andanças, entretanto, Severino se depara a todo o momento não com a vida, mas sim com o que já conhece como coisa vulgar: a morte e o desespero que o cerca. De primeira vista, o retirante topa com dois homens carregando um defunto. Durante uma conversa, descobre que o pobre coitado havia sido assassinado e que o motivo fora que ele queria expandir um pouco suas terras.               
Severino com isso sente medo de não conseguir chegar ao seu destino. Escuta, então, uma cantoria e, aproximando-se, vê que está sendo encomendado um defunto. Pela primeira vez, Severino pensa em interromper sua descida para o litoral e procurar trabalho naquela vila.
 Ao conversar com uma mulher, descobre que tudo que sabe fazer não serve ali naquele local, e o único trabalho existente e lucrativo é o que ajuda na morte: médico, rezadeira, farmacêutico, coveiro.  E o lucro é certo nessas profissões, pois não faltam fregueses, uma vez que ali a morte também é coisa vulgar. Se não há como trabalhar, mais uma vez Severino retoma seu rumo e chega à Zona da Mata, onde novamente pensa em interromper sua viagem e se fixar naquela terra, tão diferente do solo do Sertão. Logo Severino assiste ao enterro de um trabalhador e ouve o que dizem do morto os amigos que o levaram ao cemitério. Severino se dá conta que ali as privações são às mesmas que ele conhece bem e que também a única parte que pode ser sua daquela terra é uma cova para sepultura, nada mais . 
E mais uma vez a morte rondando, são dois coveiros que lhe dão a má notícia: toda a gente que vai do Sertão até ali procurando morrer de velhice, vai na verdade é seguindo o próprio enterro, pois logo que chegam, são os cemitérios que os esperam. 

Severino nunca quis muito da vida, mas com tudo isso , está desiludido: esperava encontrar trabalho, mais só o que encontrou foi desespero. Nesse momento, aproxima-se de Severino seu José, mestre carpina, O retirante, desesperado, revela ao mestre carpina sua intenção de suicídio, de se jogar no rio . Seu José tenta convencer Severino que ainda vale a pena lutar pela vida, mesmo que seja vida Severina. Da porta de onde havia saído o mestre carpina, surge uma mulher, que grita uma notícia. Um filho nascerá , o filho de seu José! Chegam vizinhos, amigos, pessoas trazendo presentes ao recém-nascido. Vêm também duas ciganas, que fazem a previsão do futuro do menino: ele crescerá aprendendo com os bichos e no futuro trabalhará numa fábrica, lambuzado de graxa e, quem sabe, poderá morar num lugar um pouco melhor. Severino assiste ao movimento, ao clima de euforia com a vinda do menino. O carpina se aproxima novamente do retirante e reata a conversa que estavam levando. Diz que não sabia como ajudar o retirante, mais de uma coisa ele tinha certeza, com o nascimento daquela criança: a vida vale a pena ser defendida.

                       ‘ Fladison Lima, nº 17 – 3º “B”

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